Rizicultores
Rizicultores do Extremo Sul de Santa Catarina participaram de uma reunião com o secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, deputado federal João Rodrigues, nessa quinta-feira, dia 24, em Araranguá. O encontro aconteceu no Célia Belizária de Souza.
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Na pauta, a precária situação atual vivenciada pelo setor. A Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) classifica o encontro como uma “reunião emocionada”. Os produtores puderam dar testemunhos reais do cotidiano na ocasião. Houve discursos inflamados e lágrimas.
André Acordi, produtor de Sombrio há mais de 30 anos, revelou que a maioria dos rizicultores não consegue mais saldar as dívidas, principalmente em função do preço pago pela saca de arroz, que gira em torno de R$ 20, enquanto o custo da mesma saca chega aos R$ 26.
“Nossa principal reivindicação é que o preço mínimo seja reajustado confirme inflação real”, reforçou Acordi.
De acordo com o presidente da Associação Regional Sul de Produtores Rurais (Arprosul), Demétrio da Rocha, é grande o número de tratores com busca e apreensão nos bancos, de agricultores de Laguna a Passo de Torres. A situação é tão crítica que, conforme ele, agricultores chegaram a cometer suicídio devido ao desespero.
Segundo Rocha, dos cerca de 12 mil rizicultores existentes no Extremo Sul, 80% estão endividados. “O agricultor é o maior trouxa (hoje). Somos um escravo vivo”, desabafou.
O que autoridades disseram
O deputado estadual Manoel Mota definiu o período como o “mais delicado da história da agricultura da região”. Ele pediu esperança aos rizicultores.
“Não podemos perder a esperança. Temos que encontrar uma estratégia para tentar renegociar as dívidas dos produtores. Outra meta, é que o Governo adquira uma parcela do arroz produzido, fazendo um estoque regulador, para que o rizicultor tenha garantia de preço, além de trabalhar com o preço mínimo”, defendeu o deputado.
Já o secretário do desenvolvimento regional de Araranguá, Heriberto Afonso Schmidt, demonstrou ter fé no secretário de Agricultura. “Com certeza, os produtores têm um forte aliado, que se colocou à disposição da nossa região, e que se empenhará para tentar encontrar uma solução junto ao Governo Estadual e Federal”.
Convidado mais aguardado, o secretário parabenizou os líderes do movimento. “Estamos sempre em defesa de quem trabalha, de quem produz e de quem põe o alimento na nossa mesa. Senti no coração e na expressão de cada um o desespero da classe”, afirmou João Rodrigues.
Segundo o secretário, as reivindicações dos rizicultores vão ser levadas ao governador Raimundo Colombo na próxima segunda-feira, dia 28.
“Já sugeri ao ministro da Agricultura a suspensão da importação do arroz da Argentina enquanto o Brasil estiver em crise, retornando quando o mercado voltar à normalidade. Infelizmente há um acordo entre os dois países e isto não será possível. Mas promoveremos um novo encontro no Ministério da Agricultura em Brasília, como fizemos com os fumicultores, e tenho certeza que o Governo Federal haverá de atender nosso apelo e juntos encontraremos uma solução”, tranquilizou.
Presidente da Amesc, Mariano Mazzuco Neto acentuou a importância dos agricultores para o Vale. “Estou aqui para me solidarizar com a causa, pois precisamos de vocês. (...) A agricultura forte impulsiona o desenvolvimento dos municípios da região, por isso vamos lutar juntos”.
Também participaram do encontro o deputado estadual José Milton Scheffer, prefeitos e vereadores do Sul do Estado, representantes de sindicatos, associações e entidades, e demais lideranças e pessoas ligadas ao setor agrícola